Não abandonei o blog, só fiquei sem tempo para atualizá-lo. Peço que me desculpem! (e estou falando com os 5 leitores desse blog hahaha).
As próximas postagens serão cada vez mais curtas, até porque longos posts – como os anteriores – são cansativos para escrever e para ler.
Hoje conheci o PlugEdu, uma rede social exclusiva para educadores. Achei a ideia bacana e fui conhecer o serviço. Apesar de ainda pouco movimentado, encontrei coisas bem interessantes, como, por exemplo, a experiência de uma professora recém chegada à rede pública de ensino. Segue o seu relato:
Comecei a atuar no ensino público em abril desse ano. Cheguei lá e o choque foi tão grande que passei uma semana em casa de molho confabulando se iria encarar essa ou não. O ambiente beirava o bizarro no sentido mais literal do palavra. Era gente riscando parede, gente jogando cadeira, galera achando mó barato se estapear, fora os tocos de giz que voavam na minha cabeça toda vez que eu virava as costas.
Eu via os professores se impondo aos gritos e pensei: "opa, vou por esse caminho aí". Não adiantou e me vi na mesma situação que você. Na primeira semana fiquei afônica e não consegui respeito algum. Desde a minha aparência física até a minha própria personalidade não me permitiam isso. Pudera, era um grito sem sentido. Foi aí que eu tentei o caminho inverso. Vendo que com 23 anos eu não conseguiria impor coisa alguma, eu comecei a me aproximar não como uma líder, mas como mais uma como eles. Fiquei quase um mês inteiro sem lecionar minha matéria só conversando sobre expectativas, desejos, anseios, frustrações... e, cara! Essa criançada tinha tanto verbo para rasgar! E, o melhor, coisas com as quais eu concordava como a chatice que é o pseudo-ensino copista, como é um porre trabalhar só como receptor, como o professor pode exigir respeito se nem um diálogo decente ele tenta manter...
Eu, literalmente, abracei a causa. Abri mão da lousa (já não uso a bendita há quase dois meses), comecei a elaborar roteiros de teatro sobre a realidade dos alunos (engraçado eles mesmos escolherem falar sobre bullying), a falar e estudar sobre o maldito funk, a marcar pelada na quadra professoras x alunas e dar risada com os meus próprios capotes.
Mas não vou dizer que é fácil. Tenho mais duas pessoas com quem tenho a sorte de compartilhar minha indignação, inquietação na escola onde atuo e de quando em quando temos entrado nas salas de aula juntas dividindo responsabilidades. Esse tipo de liberdade e relacionamento que eu tenho com as crianças ainda soa um tanto estranho para minha direção, por exemplo. Mas, quer saber... A gente tem argumentado, sim. Eu sou funcionária pública, você também e sabe como é. Se, por um lado, o sistema me ferra a vida em alguns aspectos, enquanto profissional da educação me sinto à vontade para utilizar a pedagogia que eu julgar melhor e bater de frente se eu achar necessário porque o cargo é meu e ponto. No mais, eu abro o meu "ignore list" para esse povo e tento tocar a minha comemorando pequenos êxitos... e com esperança, sempre, porque essa a gente não pode perder de jeito nenhum.
No estágio eu tenho observado algo semelhante. Outro dia, enquanto a professora dava uma aula sobre notícia de jornal, uma garota ao meu lado disse “nossa, que aula insuportável!”. Curioso, perguntei “por que você está achando insuportável?”, e ela me respondeu “eu nunca li um jornal, nem sei direito como é”. Perguntei: “mas você queria saber como é?”, e obtive como resposta “pra quê?”.
Não pude prolongar o assunto porque estávamos no meio de uma aula. Mas fiquei pensando como aquela aula não fazia o menor sentido para aquela garota. E estou certo de que a professora nem suspeitava disso.